quinta-feira, 5 de maio de 2016

MATEUS 7:1-5

Olá Pessoas!
Sou evangélica há mais de 10 anos, entre idas e vindas. Tive três tipos de batismos. O primeiro foi logo após eu nascer, na Igreja Católica, por opção dos meus pais. O segundo foi na Igreja Batista, por “indução”, pois ainda não tinha muita certeza de que era isso que eu queria tanto que, logo depois, eu voltei para o Candomblé, onde também não me encontrei. O terceiro batismo é mais recente, foi em uma Igreja Pentecostal (Ministério Flor de Lis), foi por amor a Deus, por respeito ao sofrimento de Jesus Cristo, foi para “lavar o meu passado” e renovar minha aliança com Deus.
Tenho muito respeito pela minha religião, embora não frequente a Igreja como deveria, por conta da minha falta de tempo e envolvimento com meu trabalho. Mas isso não me deixa menos cristã. Tem gente que não sai da Igreja e, fora dela, são irreconhecíveis. A doutrina só é aplicada dentro da Igreja e não na vida delas.
Ontem, ouvindo um debate muito famoso, em uma rádio evangélica, me senti envergonhada com a postura de alguns Pastores ali presentes, com relação à educação e orientação sexual atribuída aos seus filhos.
As irmãs da minha Congregação, podem até achar que eu não me enquadro no contexto da Doutrina, mas tenho vivência para diferenciar o certo do errado. Fiquei chocada ao ouvir de uma Pastora, participante do debate, que: “minha filha sempre assistiu aquele desenho das “meninas super poderosas”“. Eu nunca percebi nada de errado e até comprava cadernos, bolsinhas, etc., com a imagem do desenho. Até que um dia levei-a a uma peça de teatro das Meninas Super Poderosas e percebi que um dos personagens era bem afetado. Eu fiquei observando aquilo e na mesma hora saí do Teatro. Então minha filha me disse que o personagem era assim mesmo. Enfim, era um personagem gay. Nunca mais deixei que ela assistisse o desenho e me livrei dos objetos com os personagens. Eu tinha que proteger a minha filha dessa influência”“............. Pasmem, foi isso que ela disse!!
O outro Pastor “fulminou” o filme Shrek por causa da trans que acompanha as princesas e ainda disse que o Pinóquio é gay. Um terceiro “baixou o pau” no Bob Esponja, dizendo que ele é gay e que o Patrick é homem. Socorroooooooooo!!!
Meu Deus!!! Como as pessoas em pleno século XXI, ainda possuem uma mentalidade tão tacanha? Não se pode criar filho em uma redoma de vidro. A questão da opção sexual, independe da criação, do que a criança assistiu na TV ou no cinema. Independe dos seus amigos tipo, “diga-me com quem andas, e direi quem tu és”. Isso é do tempo da minha avó!!!
Eu fui criada em uma Vila onde só tinham meninos. Eu era a irmã caçula deles. Aprendi a jogar bola de gude, soltar balão, subir em árvores, soltar cafifa e nem por isso optei por ser lésbica!! Minhas referências infantis eram todas masculinas. Depois, na adolescência, fiz um curso de teatro onde a maioria dos integrantes eram gays. Desculpem-me Senhores Pastores, mas com eles aprendi a me vestir, me maquiar, a ser elegante e como me comportar em ambientes finos. Sim, por que minha família era, e ainda é, muito humilde. Com eles aprendi a usar os talheres corretamente e muitas outras coisas que enriqueceram minha cultura. Até hoje, por conta do meu trabalho social, lido com gays, trans, prostitutas, lésbicas, héteros, outros gêneros que vocês sequer imaginam!! Trato todos como seres humanos que são, trato todos com carinho, respeito e exercito o meu amor ao próximo. Não foi isso que Deus nos ensinou?
Quem sou eu para discriminar quem quer que seja? Somos todos simples mortais. Se quando morremos somos todos iguais, por que não ser igual também em vida?
Casei, tive três filhos, eu e meu ex-marido sempre tivemos amigos gays e isso não mudou em nada a sexualidade dos nossos filhos. Inclusive, eles tratam com muito respeito os homossexuais.
O que “desvia” o caráter ou mesmo a opção sexual de uma criança, é o preconceito de uma família, é a dupla personalidade de um pai ou mãe (tipo: por fora bela viola, por dentro pão bolorento). Cultuar preconceitos, alimentar a discriminação por raça, credo e sexualidade, é que transforma e/ou revolta uma criança.
Lamentei profundamente, ouvir tantos absurdos por parte de pessoas que são consideradas, equivocadamente, exemplos para suas Igrejas.
Algumas perguntas precisam de respostas: o amor de Deus é diferente para um filho gay? Uma pessoa homossexual não pode fazer parte de uma Igreja Evangélica sem ser considerada uma pessoa “possuída” ou doente?
Gente, estamos no Século XXI, os tempos são outros. Deus, em sua infinita sabedoria e benignidade, só quer ser amado da forma que ele nos ama. ELE não escolhe os capacitados, ELE capacita os escolhidos.

Pecado é julgar e se achar acima do seu semelhante, por ocupar um cargo na Igreja. Antes de opinar e julgar verifique se a sua casa está “limpa”.